Не пеняй на Одмина, Странник! На него еще с малолетства нечисть глаз положила...
Не пеняй на Одмина, Странник! На него еще с малолетства нечисть глаз положила...
Существо, известное под именем Бишу-ду-Сидран, первоначально было человеком, пастухом из Монтаду-ду-Сидран (Montado do Cidrão) прихода Куррал-даш-Фрейраш (Curral das Freiras) в центральной части португальского острова Мадейра. Однажды он потерял свою любимую собаку и в полном отчаянии произнес про себя обещание дьяволу обменять свою собственную душу на потерянного пса. Животное вскоре вернулось, а пастух после смерти превратился в странное призрачное существо. О нем известно только то, что он водит по горам невидимое стадо и что его крики, которые звучат точь-в-точь как голос ягненка, предвещают дождь или бурю. Однако, похоже, люди не слышали их уже довольно давно.
Native to Cidrão, an area in the parish Curral das Freiras in the island of Madeira, the creature known under this name was originally a human shepherd. One day he lost his favorite dog, and in complete desperation uttered words presenting a tacit proposal to the Devil, in which he offered to trade his own soul for the lost canine. The animal soon returned, but when the man died he ended up becoming this strange creature. About it, it is just known that his cries, which sound just like a lamb's voice, presage rain — however, it seems that people haven't heard them in quite some time! (1639)
Comments
O som é aterrador e toma conta do corpo e do espírito de quantos o ouvem, num misto de desassossego e angústia, num desejo de fugir e de ficar, numa ânsia indizível de despenhamento. Parece um uivo mas é também um grito, profundo e rouco que devia vir das entranhas da terra mas surge inesperado do alto da serra. São centenas de gargantas escancaradas e escarpadas gemendo alto uma dor qualquer que é natural, e por isso mesmo, sem tempo e sem fuga. (...)
O Pico Cidrão é uma serra quase inacessível ao homem. Habitam-no o vento e a águia. Constituído por rocha basáltica, negra e dura, é todo ele recoberto de cavernas abertas como bocas escancaradas.
Conta-se que há tempos habitou aquelas paisagens abruptas e quase inexpugnáveis um pastor. Esse homem tinha um cão que era o único e fiel amigo de muitas solidões. Habituado àquelas lonjuras feitas de escarpas, o cão tornara-se quase tão bom saltador quanto as cabras que guardava.
Um dia, recolhia o pastor o seu rebanho, o cão, que andava atrás de um animal extraviado, calculou mal o salto e despenhou-se no vácuo, resvalando de escarpa em escarpa. Rolou; rasgou-se nas lâminas de pedra num uivo de dor imensa e acabou sendo ele mesmo um pouco de cada rocha.
Como sempre ante o irremediável, o ser humano segue um de dois caminhos: ou se fecha num castelo inexpugnavelmente seco e silencioso, ou retribui à Natureza o golpe inexplicável e sempre tão aparentemente inútil que é a morte, num grito feroz de lágrimas.
E o pastor fez-se eco do uivo do cão:
- Que mãe és tu, que me rouba o irmão, o amigo!...
Tu, que tudo me tens negado, tu, vens tirar-me o companheiro da minha vereda!! Maldita sejas! Maldita... e só, para sempre! Ah! Antes o tivesse um dia oferecido ao Demo!...
O vento tomou conta do uivo e da maldição, e das palavras fez sibilações. Enquanto o pastor viveu, guardou-as nas cavernas do Pico, escondidas e secretas, onde só a águia penetrava para as limpar da poeira do tempo. Quando, por fim, o pastor se foi juntar ao companheiro de outrora, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem as gentes da região que aquele grituivo aterrorizante provém do ser híbrido e demoníaco que são os espíritos dos dois amigos, finalmente um só, o Bicho Cidrão.
Source: https://curraldasfreiras.com/bicho-do-cidr%C3%A3o
Medonho, Aterrador, Petrificante. Assim é o som que se apodera do corpo e alma de todos quanto o ouvem, despertando a angústia, inquietação e ânsia mais profundos que o ser humano nem imagina que existem dentro de si.
Uivo ou grito? Não se distinguem…o urro profundo, rouco e abafado, espelhando uma dor profunda e desumana que deveria vir lá de baixo das escarpas, espalha-se despodoradamente no alto da serra, sem receios ou limitações. Na Madeira, conhecido como Bicho Cidrão.
Na ilha da Madeira, a sumptuosidade e rude beleza não passam despercebidos, sendo habitado por cavernas, vento e águias, onde o homem quase não chega. Falamos do Pico Cidrão sobre o qual versa a nossa lenda.
Diz-se que em tempos, ali viveu uma pastor e o seu cão, seu único e fiel amigo que em toda aquela solidão o acompanhava dia e noite.
Tão ágil era o cão como as cabras que guardava, saltando de escarpa em escarpa com mestria. No entanto, um dia, enquanto o pastor recolhia o seu rebanho, o cão decerto distraído por algum animal extraviado do rebanho, calculou mal o salto que fizera já milhares de vezes, e caiu no vácuo. Rolou, arranhou-se, despedaçou-se em cada rocha em que embatia, num uivo terrível de dor, terror e desespero.
Ora o nosso pastor, chorou amargamente a perda do seu grande amigo e companheiro gritando tão alto para os penhascos, que a sua voz, ressoou além mar, amaldiçoando tudo e todos sublinhando a triste sorte, o golpe do destino, a sua vida miserável e solitária existência:
-“Maldita sejas, antes o tivesse oferecido ao demo!”
O vento começou subitamente a soprar, feroz, inclemente, soltando roncos assustadores, ecoando a maldição do pastor. As palavras tornaram-se síbilos, guardadas em segredo numa gruta do Pico, onde só as águias conseguiam penetrar.
Quando finalmente o pastor deixou este mundo, o vento ordenou à águia que soltasse o uivo e a maldição que num eterno jogo de escondidas habitam desde então as alturas do Pico Cidrão.
Dizem aqueles que habitam nas redondezas, que aquele som aterrorizante, provém do ser demoníaco e sobrenatural, união dos espíritos dos dois amigos, o Bicho Cidrão.
Source: https://www.municipiosefreguesias.pt/lenda/15/o-bicho-cidrao---madeira
Nas proximidades do Pico Ruivo existe o Pico Cidrão. Zona de fauna descendente dos primitivos javalis africanos, que os Donatários mandaram trazer para ali, com predominância para as cabras e o chamado «porco bravo, que por ali escadeiam sob a vigilância dos pastores. «Diz a lenda que, uma vez, por aqueles despenhadeiros andava um Pastor com o seu cão, na faina de colher as cabras e os porcos que se refugiavam nas zonas de mais perigoso acesso. Num salto infeliz o pobre cão resvalou e foi rolando e desfazendo-se pelas escarpas da montanha. Então o homem, num acesso de raiva, gritou que mais valia ter dado a alma ao diabo que perder aquele cão... Passou o tempo. Morreu o pastor o desde então, diz o Povo, nunca mais deixou de se ouvir o uivo do cão e a praga do pastor misturados num som rouquenho que atemoriza as gentes.
Na Casa de Abrigo, no alto do Pico Ruivo, quando os visitantes se aconchegam ao calor da lareira e cá fora o vento e a chuva formam um conserto infernal, é frequente ouvir-se o som rouquenho que afirmam ser o uivar do cão que se despenhou e a praga do pastor que antes quisera dar a alma ao Demo... — É o Bicho Cidrão! É o Bicho Cidrão! E os que ouvem aquele som estranho, aterrorizados, benzem-se, rezando o credo em cruz, para afastar esse espírito maligno do Bicho Cidrão, que vagueia pelo mundo para perdição das almas... » — Visconde do Porto da Cruz, in «Folclore Madeirense»
Source: PIO, Manuel Ferreira O Concelho de Santana - Esboço Histórico, sem editora, 1974, p.34
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